Aventura no Deserto de mil cores e na imensidão branca do Salar
A aventura no Deserto de mil cores e na imensidão branca do Salar é uma inspiração para a vida.
As acomodações são precárias, o frio é de rachar por isso, decidimos reservar lugares lindíssimos, embora os preços não sejam nada convidativos e a reserva seja muito condicionada a disponibilidade, uma vez na vida vale bem a pena. Caso contrário os lugares onde se dorme são pequenos albergues cujas condições de higiene e de conforto não gostaria de experimentar.
Salar de Uyuni, a maior planície de sal do planeta, o grande Deserto de Sal.
Lagoas de cores como Laguna Colorada, Laguna Verde, Santuário dos flamingos andinos, junto a um dos vulcões mais ativos e altos do mundo.
À primeira vista parece que estamos num campo de gelo, uma lindíssima superfície branca e cintilante que se estende até o horizonte.
O Salar de Uyuni, situado a 3.650 metros de altura, uma vasta planície de sal de 11 000 km² formada incansavelmente pelos ventos dos Andes.
Houve um tempo em que o Salar fazia parte de um mar interior colossal que cobria a maioria do Altiplano.
Preso na armadilha do levantamento dos Andes, esse mar foi progressivamente secando e o seu leito tornou-se o maior deserto de sal do mundo com um subsolo contendo a mais importante fonte de lítio conhecida.
Com o céu e as montanhas dos Andes como únicas fronteiras, o jogo das miragens e de ilusões de óptica emana das radiações solares e dos cristais de sal.
As Lagoas do Sul de Lípez
No Sul do Salar de Uyuni encontram-se a Laguna Colorada e a Laguna Verde do parque natural Avaroa, reserva nacional de fauna andina.
A Lagoa Colorada é um local de alimentação e reprodução de milhares de flamingos de três espécies diferentes.
A Lagoa Verde, fica na fronteira da Bolívia com o Chile e ao pé do magnífico vulcão Licancabur.
As paisagens não as consigo descrever, acredito que nem as imagens possam alcançar a grandiosidade, a magia!
Gêiseres e poços de lava vulcânica ativos, enormes rochedos esculpidos pela natureza, desenhados pelo vento...
O famoso Vale de Dali, tudo é arte à nossa volta!
Chegámos a Uyuni já de noite e ficamos muito bem instalados no Hotel de Sal Casa Andina que fica na cidade bem pertinho do aeroporto. Daqui iríamos sair para o nosso passeio bem cedinho pela manhã.
Depois do cházinho de folha de coca... não fosse a altitude trair-nos!
Fizemos um passeio de jipe privado, apesar de caro é uma forma excelente de visitar o Salar, parando aqui e ali à nossa vontade.
A melhor época para visitar o Salar é entre os meses de Maio e Novembro. Nos meses de Junho a Setembro as temperaturas são baixas durante o dia e congelantes à noite, mas é a época em que o Salar se encontra parte seco e parte inundado e com céu limpo e azul, ideal para fotografia. Os meses de chuva são entre Janeiro e Março, quando o Salar está normalmente inundado e se transforma num grande lago impedindo muitas vezes os passeios turísticos.
O circuito de três ou quatro dias (que sai e volta para Uuyni) cumpre um roteiro de aproximadamente 1000Km, passando por lugares de uma beleza sem precedentes e paisagens de tirar o fôlego.
Os dias acabam assim no Salar...
Cemitério de carros
O cemitério de carros fica poucos Km do povoado de Uyuni e é um lugar tão diferente quanto divertido e cheio de pequenas histórias.
No passado foi um importante cruzamento de ferrovias - utilizadas para transportar minérios - que ligava a Bolívia ao Chile e à Argentina entre 1889 e 1987.
Com a desativação da ferrovia, locomotivas e vagões foram abandonados e formaram um pátio de caminhões de sucata.
Locomotivas a vapor, corroídas pelo sal e enferrujadas fazem o nosso delírio. Entre as sucatas, estão os restos do comboio que foi assaltado por Butch Cassidy e Sundance Kid, dois fora-da-lei norte-americanos que teriam sido mortos na Bolívia em 1908, acusados pelo exército local - cena mostrada no filme Butch Cassidy de 1969, com Paul Newman (Cassidy) e Robert Redford (kid).
A 31 Km de Uyuni, seguindo viagem em direção a noroeste, a próxima paragem é no “Pueblo de Colchani”, um pequeno povoado que vive da extração do sal, utilizando o mais tradicional e remoto processo de refinamento.
Iodização e embalagem que é feito artesanalmente.
Aqui encontramos pequenas lojinhas de artesanato e roupas quentinhas, para nos protegermos do frio.... e mesmo muito frio que vamos apanhar na imensidão branca!
Entrámos no mercado mas as pessoas voltam as costas às fotos e chegam mesmo a ser agressivas, mostrando o seu desagrado, mesmo quando o foco da lente não está virado para elas... cuidado para não apanhar com uma fruta podre ou uma couve na cabeça, ou mesmo na máquina fotográfica.
Muito desagradável para quem tenta fotografar uma banca de frutas.
Não existe uma estrada delimitada, daí que temos mesmo que confiar na experiência dos motoristas que vão procurando o melhor caminho na imensidão branca.
Poucos Kms depois de Colchani, é possível avistar centenas de cones de sal, amontoados pelos extratores, uma vez que é preciso remover uma camada de 5cm para atingir o sal bom para o consumo.
Aos poucos a paisagem muda de branca do salar para avermelhada do deserto seguindo em direção às montanhas pelo chamado caminho do Condor.
Flamingos do Lago Cañapa
A poucos Kms ao Sul do Lago Cañapa vislumbra-se um conjunto de Lagoas de sal de tons lindos, onde os flamingos dançam elegantemente: a Laguna Hedionda, a Chiar Khota e a Ramadita.
Almoçamos por aqui uma refeição volante trazida pelo nosso motorista.
E voltamos à estrada desta vez pelo Caminho dos Incas, chamado Cerro Siete Colores, a montanha das sete cores que mais parece uma pintura entre cores de mostarda, vermelho terracota....
Continuando em direção ao Sul para o deserto de Siloli, uma extensão do Deserto do Atacama.
Deserto de Pedra
A 4600m encontramos o Deserto de Pedra, com formações rochosas altivas, imponentes, grandiosas!
A mais célebre e mais fotografada, é a árbol de piedra, árvore de pedra.
Laguna Colorada
A Laguna Colorada ou Lagoa Colorida é de um vermelho fogo estonteante, desculpem se pareço ridícula mas guardarei para sempre estas imagens.
O contraste desenhado pelo amarelo do enxofre e o branco do bórax e do sal... o espelho de água que desenha a montanha e a faz refletir na perfeição.... um dos lugares mais lindos onde já estive!
A cor avermelha da Lagoa varia de tonalidade segundo as condições climatéricas e a hora do dia devido aos pigmentos das algas. Abriga três espécies de flamingos e é um dos poucos lugares do mundo onde se podem encontrar estas aves juntas.
Dormimos no Hotel Taika el Desierto
A comida que nos dão é básica mas agradável, o espaço é acolhedor e a envolvente lindíssima.
De manhã o frio combate-se com o café quentinho e o Sol ainda escondido atrás das montanhas desenha um cenário encantador.
Campo Geotermal
O campo geotermal Sol de Mañana é uma área, com uma extensão de 10 km², entre 4800m e 5000m de altitude , caracterizada por uma intensa atividade vulcânica, com lagos borbulhantes de lama e fontes sulfurosas de gêiseres com jatos de vapor de 60 a 90 Cº que atingem até 50 metros de altura.
Termas de Polques
As Termas de Polques é uma piscina termal a 30 graus C.
Seguindo o itinerário para o extremo Sul da Reserva Nacional Eduardo Avaroa, a uns 52 km ao Sul da Terma “Sol de Mañana”, e já aproximadamente 400km a sudoeste de Uyuni, ergue-se majestoso o mítico Vulcão Licancabur nos seus 6000 metros de altitude, cujo pico abriga ruínas de uma antiga cripta Inca.
Vulcão Licancabur 6.000m separa Bolívia e Chile.
Aos pés do vulcão repousa a “Laguna Verde” (4400m). A coloração esverdeada é causada pela concentração de sedimentos minerais como o chumbo, enxofre e carbonato de cálcio.
Terreno semelhante a Marte
Essa região montanhosa do Parque tem características semelhantes a Marte. Não é por acaso que cientistas russos e os americanos da NASA realizaram ali testes com os robots, antes de enviá-los para Marte.
Deserto de Dali – formações surreais
O pitoresco “Desierto de Dali” – assim batizado em homenagem a Salvador Dali, dada a incrível semelhança de formas com os quadros do famoso pintor catalão. Tem, ainda, a vista ao “Vale de las Rocas” cuja ação do vento torneou em rochas imagens bizarras de amimais e figuras humanas.
Mantos verdes salpicados de lagos e de gelo, montanhas sublimes de uma beleza estonteante, aqui e ali os Lamas, os patos.....
Nesta noite dormimos no lindíssimo Hotel Luna Salada, todo ele construído em sal.
É um lugar obrigatório por estas paragens. Os quartos são magníficos, a comida é excelente, tudo de uma qualidade incomparável.
O conforto de todos os recantos apetece ficar muito mais tempo.
A decoração, os pormenores, adorámos este lugar.
Mas o Salar esperava-nos impaciente!
Como surgiu tanto sal a uma altitude de 3.663 metros acima do nível do mar? A remota origem desta fenomenal crosta salina deve-se ao pré-histórico Lago Minchin, de 40 a 25 mil anos atrás que ocupava uma bacia no altiplano, em grande parte do sudoeste da Bolívia. Quando as águas do Lago evaporaram, restaram duas enormes poças de argila, chamadas de lago Poopó e Uru Uru e mais duas gigantescas concentrações de sal: os Salares de Uyuni e Coipasa.
O solo é formado por 11 camadas com espessuras que variam de 2 a 10 metros, e atinge uma profundidade incrível de mais de 121 metros.
O Salar sofre uma drenagem interna e auto alimenta-se com os resíduos minerais. Além do sal, o Salar constitui uma das maiores reservas do mundo de Litio, minério usado para fabricar desde remédios, baterias de celulares e futuro substituto energético do Petróleo. É composto também de Potássio, Boro, Magnésio, Carbonatos e Sulfatos de Sódio.
Ilha de Cactos Gigantes (Ilha do Pescado)
A Ilha Incahuasi localizada no coração do Salar, a 80 km a oeste de Colchani, e a 102km de Uyuni, a ilha ergue-se como a miragem de um oásis. Chamada de Isla del Pescado, a ilha calcária é coberta por milhares de cactos gigantes - o “Trichoreus”- e cercada pela planície de sal.
Vale a pena subir até ao topo e deixar a nossa mente voar entre os espinhos e as pequeninas flores que inundam o lugar. Percorrendo a trilha dos antigos Incas e Aymaras.
Os carros cá em baixo viram miniaturas e as pessoas parecem pequenos bonecos.
Altar de rituais
No centro da parte mais alta da Ilha está o antigo altar de pedra, local considerado um dos mais sagrados da região, onde se realizavam rituais de oferendas em agradecimento à Pachamama.
Ilusão de ótica
È possível fazer fotos muito fixes devido à imensidão plana e jogar com a imaginação de cada um.
Não percebemos a cena logo de imediato o que limitou a nossa criatividade e o nosso motorista também não soube explicar!
Felizmente ainda apanhámos um pequeno mar de sal e pudemos deslizar na lâmina de água que se transforma num gigantesco espelho e reflete a paisagem.
Já agora fica a dica de levar roupa abrigada de inverno para montanha, os ventos são fortes e a temperatura baixa, notoriamente durante a noite; protetor solar, óculos de sol, chapéu ou boné.
