Marraquexe a cidade vermelha
- Ana Marecos
- 11 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de set. de 2020
Marraquexe é sedutora, vibrante, turbulenta, labiríntica, colorida.


Três dias para se perder por aqui é o mínimo.

Localizada entre o deserto, as montanhas e o oceano, no centro-sudoeste do Reino do Marrocos.


Conhecida como a Cidade Vermelha. As suas construções em terracota dão-lhe este destaque.


Também é chamada a Pérola do Sul, tendo sido sempre um importante ponto comercial.


É uma das quatro cidades imperiais do país, que foram capitais das antigas dinastias, juntando-se a Fez, Meknès e Rabat, a atual capital.



Foi fundada em 1062 pelo Emir Youssef Ibn Tachfin, apesar de ter sido antes ocupada por agricultores berberes.


Voámos na Tap Air Portugal até Marraquexe e a passagem na Imigração foi muito tranquila e rápida.


Tínhamos reservado o transfer para o Riad, pois além de se situar numa zona onde já só poderíamos circular a pé, não nos apetecia começar logo a regatear preços à chegada. Muitas vezes, e confesso que já aprendi esta lição, acaba por não justificar, em especial nos aeroportos, somos sempre mais enganados.

Chegar a Marraquexe é mesmo um saltinho, o voo durou cerca de uma hora e de repente estamos em África.



Charrettes cheias de laranjas e de sementes grelhadas.. outras simplesmente como transporte de passeio.


Músicos, artesãos, dançarinos, vendedores de poções, escrivães públicos...

Curandeiros, boticários, mulheres que desenham tatuagens de henna, encantadores de serpentes... é alucinante!

Cores, odores, sons...

Tudo à nossa volta desperta as mais diversas sensações, acolhe os mais ocultos desejos.


Ao final do dia, milhares de candeeiros de rua vão acendendo e transformam a Praça principal da cidade, Jemaa El Fna, num cenário mágico, misterioso, idílico.

Desde há 800 anos que assim é, o apelo espiritual do muezzin ressoa no alto dos 70 metros da Koutoubia.

Uma multidão multicor invade as ruas labirínticas e tortuosas da Medina.


Homens correm a passos apressados para a Mesquita Ben Youssef, unida à medersa, um dos mais notáveis monumentos de Marraquexe, a escola corânica.


Todos os Souk são dignos de visita.


As lãs, as tapeçarias, a cestaria, os barros.



Os aromas a especiarias, as cores do gengibre, açafrão, pimenta preta...

Verbena, cravinho da India, flor de laranjeira...

A invasão dos nossos sentidos...





Apetece correr estas ruas mil vezes e ficar a observar as mãos que trabalham materiais como o cobre, o metal é martelado.

Os rostos marcados de rugas revelam o segredo de tanta arte.

Sacos de amêndoas, amendoins, grão de bico, cestos de tâmaras, vasilhas de azeitonas...

Pedaços de âmbar e de almíscar, extrato de rosas, jasmim, menta...

Neste mundo, negociar é imperativo. Ou como costumamos dizer: regatear.

Tudo tem que ser negociado: prendinhas, marroquinaria...

O táxi que se utiliza, até mesmo um quarto de hotel pode ser negociado.


Os preços para o viajante estão sempre inflacionados duas, três, até mesmo quatro vezes mais.

E não se admirem se a negociação se revestir dum certo drama, faz parte da encenação, um pouco de teatro.

Cria-se uma relação emocional, na base do jogo e da sedução, cada qual debate-se dando o seu melhor. Adoro estes mercados e estas discussões!

De manhãzinha, o Sol atravessa todos os recantos da cidade iluminando as fontes de mármore rosa, os pátios e os Riads.

O Palácio da Bahia que visitámos e o Dar Si Said é hoje um Museu que encerra em si a quinta-essência das artes marroquinas.

Construído no final do século XIX em estilo árabe-andalusino ou marroquino.


O seu nome significa brilho.


Os jardins ocupam uma área de 8 000 m² e as 150 divisões abrem-se para diversos pátios interiores.

Este Palácio é lindo e vale muito a visita.

Chegamos lá sozinhos a pé, sem qualquer dificuldade.



Apenas a ajuda de um mapa que se obtém no Riad ou de uma App, por exemplo o maps.me.



Optámos por ter apenas uns dias de descontração, divertimo-nos entre os Souks, experimentámos comer aqui e ali e usufruímos de algum tempo precioso a dois.


Certamente voltaremos a Marraquexe para visitar mais e também fazer passeios fora da cidade.

Seguimos para uma visita aos túmulos Saadianos.


Aqui estão evidenciadas as riquezas de outrora... o ouro, o mármore e o ónix, que eram trocados pelo seu peso em açúcar.

O tempo em Marraquexe é, regra geral, quente e árido. A Primavera e o Outono são as melhores épocas para visitar a cidade, nesta altura as temperaturas rondam os 30ºC.


Nós acabámos por ir em Fevereiro e foi óptimo, à noite arrefece um pouco, o que acaba por ser bastante agradável.
O Verão é muito quente, tórrido mesmo.

A decoração dos Riads, no geral, não podia ser mais fiel à cultura marroquina, com detalhes de luxo que se aliam na perfeição ao conforto.

O ambiente é muito exótico e romântico.
A escolha do Riad, ou seja do local onde vai dormir, é essencial.

Para nós o mais importante seria ficar perto de tudo. Podermo-nos deslocar sempre a pé, voltar com facilidade ao Riad.
E claro este é o lugar certo para procurar o Glamour, a magia, as mil e uma noites. Afinal uma boa história de Amor pode salvar vidas..
Escolhemos o Riad Karmela e gostámos mesmo muito de aqui ficar.
Existem para todos os gostos e preços. Lugares e recantos de um bom gosto extraordinário onde somos recebidos que nem príncipes.

Para uma das noites reservámos um jantar romântico no nosso Riad.

A cidade à noite é um labirinto.

Muitas ruas são fechadas, assim que fecham as bancas de comércio. E a partir daí é uma correria de rua em rua, à procura de uma saída. Somos abordados muitas vezes por pessoas que não são bem intencionadas, acabando por ser desagradável. Fica uma escuridão quase total e cheio de becos sem saída.


Durante o dia o problema é nos perdermos pelas ruas que parecem todas iguais, mas na realidade não são.
O ideal é mesmo fixar alguns pontos de orientação que sirvam de referência e seguir pelas ruas perdidos enquanto é dia, voltando a um ponto principal como a enorme praça Jemaa el-Fnaa, de onde nos possamos orientar.

No dia seguinte visitámos a mesquita Koutoubia, o minarete e as ruínas da antiga mesquita.


Entramos na Medina pela porta Bab Agnaou nas imponentes e seculares muralhas de Marraquexe.

Na praça Jemaa el-Fna existem muitas opções para comer, cafés e roof top com vista privilegiada e bem animados.


São vários os pitéus, desde a salsicha de carneiro até à malga de caracóis.

Um dos mais típicos é sem dúvida a cabeça de cabra.

Há quem diga que é um manjar, mas não o podemos confirmar pois não experimentámos.

Alguns lugares são bem sofisticados e bastante caros.

No nosso ultimo dia, o jantar foi no Le Foundouk, vale a pena experimentar, mas infelizmente a carteira não permite repetir!


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