Entardecer nas Águas do Mekong
Dia 21 de Novembro
Fizemos um passeio de barco no Mekong para ver o pôr-do-Sol e como vivem as pessoas por aquelas águas. Um barzinho flutuante, uma vivenda...
e tudo o resto...
As vilas de pescadores, são muito mais que isso, gente muito pobre, miséria, muita miséria.
O nosso guia contou-nos que existe um grande número de refugiados que vivem aqui em condições muito precárias.
Os membros da Comunidade Cham, um grupo minoritário de cerca de 288mil cambodjanos muçulmanos, vivem, em grande parte, ao longo do Rio Mekong e em torno das margens do lago Tonle Sap, nas províncias de Chhnang e Kampong Cham.
Juntam-se muito jovenzinhos e acabam por formar famílias numerosas, sem qualquer noção da luta que terão de travar pela sobrevivência.
A maioria das meninas é adolescente quando engravida pela primeira vez.
Ao nascer do Sol vão pescar enguias e carpas prateadas que depois vendem nos mercados, a preços ridiculamente baixos.
As redes de pesca são tecidas à mão, a alimentação deles é à base de peixe, quando há.
Nos últimos anos, usam novas tecnologias e métodos de pesca ilegal para matar com choques eléctricos cardumes inteiros, estão a disseminar as reservas, a esgotar o alimento.
À medida que hotéis luxuosos são inaugurados nas margens do Tonle Sap, a comunidade Cham é pressionada a avançar.
Uma parte das crianças de rua são alugadas ou vendidas pelos próprios pais, tentando aliviar o orçamento da família.
Muitas crianças morrem afogadas por falta de segurança das habitações.
Sentem-se incapazes de sustentar o número de filhos que têm.
As crianças que são entregues a gangs, passam o dia a percorrer a cidade em busca de estrangeiros para lhes pedir dinheiro.
Esse dinheiro é entregue aos gangs e em troca a criança recebe um prato de comida diário e um local para dormir.
Este sofrimento desmesurado, é assustador.
Hoje custou-se ver o Sol descer, sinto uma grande nostalgia perante a incapacidade de mudar estas vidas por momentos que fosse!
