Caretos de Podence: as Cores do Carnaval

Queria muito ir ver os Nossos Caretos a Podence.

E assim fiz.

Metemo-nos a caminho com o objectivo de fazer umas poucas e muito merecidas paragens.

Igreja Valega em Ovar

Uma verdadeira obra-prima da arte da pintura em azulejo.

A Igreja de Válega, também conhecida como a “Capela Sistina Portuguesa”, situada no Concelho de Ovar, deslumbra pelos seus azulejos.

As suas obras iniciaram no séc. XVIII, em 1756 e prolongaram-se por mais de um século. Entre 1923 e 1958, realizaram-se trabalhos de conservação e entre 1959 e 1960 foi revestida com azulejos, a fachada principal, as paredes interiores da nave e a parte superior do arco triunfal.

Em 1975 teve lugar o revestimento dos alçados laterais e posterior com azulejos desenhados pelo arquitecto Januário Godinho.

A Igreja Cortegaça

Considerado um conjunto de interesse público em 2013.

A atual igreja foi construída entre 1910 e 1918.

A lindíssima fachada e as suas duas torres sineiras revestidas a azulejos.

De realçar também os jazigos do Cemitério Velho.

A nossa paragem seguinte foi em Amarante e a intenção era lambuzarmo-nos com a deliciosa doçaria conventual, na Confeitaria da Ponte.

Aberta desde 1930, a confeitaria tem dois espaços exteriores onde se pode usufruir de uma vista privilegiada: de um lado o rio Tâmega, do outro a Ponte de São Gonçalo.

Foguetes, lérias, brisas do Tâmega, São Gonçalos e papos de anjo são os cincos doces típicos da região.

Uma das imagens mais características da cidade é a Igreja de São Gonçalo.

Erguida em 1540 a mando de D. João III, a igreja foi construída no lugar onde se acredita que São Gonçalo foi sepultado.

O interior da igreja é magnífico, ao estilo barroco, durante as Invasões Francesas foi o abrigo dessas tropas, que a pilharam e destruíram.

Há ainda quem diga que tudo ardeu, menos a igreja.

Actualmente é palco de algumas actuações da Orquestra do Norte, além de funcionar normalmente como Igreja.

E daqui seguimos para Podence, onde nos esperava um Carnaval diferente!

O ancestral Carnaval da aldeia de Podence é um dos eventos tradicionais mais importantes do Norte de Portugal.

A forte participação da comunidade que conseguiu preservar esta tradição durante séculos e a importância que mantém atualmente nos eventos culturais da região foram determinantes para que a UNESCO classificasse o Carnaval de Podence como Património Imaterial da Humanidade.

Todos os anos, durante o Carnaval, as figuras “diabólicas” dos Caretos - rapazes mascarados com trajes de franjas coloridas, caras de nariz pontiagudo feitas de lata ou couro e chocalhos à cintura - percorrem as ruas de Podence fazendo barulho e metendo-se com as pessoas que passam, sobretudo com as raparigas.

Na origem, estavam associados à figura do “diabo à solta” e representavam os excessos, a euforia e a alegria permitidos nesta altura do ano, depois dos meses frios de inverno, celebrando também a fertilidade da primavera que se aproximava.

Tradicionalmente, no Domingo Gordo e na 3ª Feira de Carnaval, os rapazes da aldeia encarnam as misteriosas personagens e cheios de energia, que acreditam ser transmitida pela máscara, correm pela aldeia aos saltos e aos gritos, perturbando a tranquilidade.

Um dos principais motivos das correrias é encontrar raparigas para dançar e para as "chocalhar". E assim se vão divertindo, protegidos pelo anonimato.

Daí o nome de Entrudo Chocalheiro.

É uma animação, comidinha boa e gente sorridente por todos os cantos.

Cada pessoa abre as portas da sua casa, cozinha na rua e vende a quem passa.

Típico e diferente dos dias normais, uma espécie de partilha que me encanta.

Os Caretos são seguidos por rapazes mais novos, a quem chamam os facanitos, que imitam os mais velhos.

Aprendem e asseguram a continuidade da tradição.

Pelas ruas da Aldeia toca a música...

Há uma feirinha de produtos da região.

Visitámos o Museu dos Caretos.

E claro a Igreja.

Na 3ª feira de Carnaval, o desfile e a cerimónia da Queima do Entrudo, são momentos imperdíveis de diversão.

E foi assim o nosso Carnaval.

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