Os Indígenas de Tarabuco
Claro que dia 21 era Domingo e fomos a Tarabuco ver o famoso mercado, aldeia indígena muito típica para onde saem passeios da Plaza 25 de Mayo.
É muito fácil, apenas nos dirigimos muito cedinho à praça e lá mesmo à entrada das vans compramos os bilhetes para o transporte, ou no Hotel onde estivermos hospedados.
Por lá andamos por nossa conta!
Situa-se a cerca de 1h30 de viagem desde Sucre.
Este pequeno povoado fica a 66 Kms de distância e a 3300 metros de altitude.
Conhecido por ser uma das maiores feiras a céu aberto de todo o país.
Queríamos conhecer a cultura Quechua de perto.
Aqui encontramos todo o tipo de artesanato local, mas também um enormíssimo mercado local, onde se vende de tudo, até folha de coca.
Desde roupas e gorros, meias e afins, de lã de alpaca da melhor qualidade, toalhas bordadas a preceito, objectos de decoração...
No mercado campesino onde estão milhares de locais, encontramos... comida, muita comida fresca, outra já confeccionada, legumes, frutas, carnes, ervas, tudo!
Partilhar o dia-a-dia deste povo é uma sensação vivida na essência, sem disfarces. Esqueci-me dos turistas aqui, tal era o movimento genuíno do cenário que se apresentava à nossa volta.
É em Tarabuco que se realiza o festival anual Pujlay, comemora a vitória do povo sobre os espanhóis a 12 de Março de 1816, um agradecimento a Pachamama, a Mãe Terra.
As vestimentas dos nativos, com tecidos muito coloridos e de muita qualidade, chapéus típicos da zona que preservam a sua identidade... mostra-nos um cenário único do que vai na alma deste povo.
Muitas mulheres usam o awayo, um pano grande muito colorido, espécie de saco, onde carregam as crianças, ou qualquer espécie de pesos, como até mercadorias para vender. Usam saias rodadas, chapéus na cabeça... os homens usam boinas daquelas que usam os nossos alentejanos.
Os cabelos geralmente são penteados em tranças longas, bem negras que mostram a sua genética tão característica.
Não é fácil tirar fotos à toa pois eles não gostam, por isso é importante respeitar os costumes e não abusar, para não levarmos com uma abóbora na cabeça!
O povo Quechua e Aymara não gosta de ser fotografado e acreditam que isso lhes rouba a alma!!
As Cholas são estas mulheres nativas, que se misturaram aos mestiços urbanos rendendo-se aos seus costumes, pelos seus hábitos tão tradicionais, confesso que se torna difícil não focar a objectiva e clicar.
Diz-se que quando os espanhóis invadiram a Vila, os índios locais resistiram com tudo o que tinham, combatendo as armas do inimigo!
Arrancavam os corações dos espanhóis e bebiam o seu sangue.
Foi erguida uma estátua representando a sua força e a sua vitória.
Almoçámos lindamente no restaurante Samay Wasi, mas não naquele grande onde a van deixa os turistas, encontrámos um bem mais rústico e mais ao nosso género, onde fomos super bem atendidos.
O outro também pareceu bem agradável mas muito desenhado para turista ver.
Quando regressámos ainda tivemos bastante tempo para desfrutar desta cidade Branca das Américas.
